top of page
Buscar
  • Foto do escritorIara

o peixe suicida

Dia de vida comum, naves lançadas ao mar

De pescadores impiedosos, outros apenas famintos

E abraços de redes indiferentes, véus que arrastam vidas

Numa fumaça cinza e confusa

De areia, sal e água

Conchas fechadas, conchas abertas

Pérolas perdidas

Sereias descabeladas

Escamas desparelhadas

Cardumes descoloridos

Peixes grandes, os cobiçados

Fecham saídas com seus corpos inertes e olhos parados

Peixes pequenos, desafortunados, presos nesse emaranhado

Sem perceber são levados junto a corpos indefinidos,

Uns rígidos, frios, outros tenros e ainda agonizantes,

Estranhos e irreconhecíveis, ali jaz algo na praia

E do mar a vê-los perplexo

O peixe suicida

Que na rede por vezes entrara e saíra

Aguarda por novo abraço

Sem de fato saber o porquê

Talvez pelo costume ao perigo, ou o amor ao sofrer

Talvez pela simples natureza de suas escamas,

Talvez pela vergonha do seu colorido enquanto fora,

Talvez pelo medo de não haver colorido algum...


65 visualizações1 comentário

Posts recentes

Ver tudo

más companhias

(um conto esquisito) Sentiu o peito chegar às costas, tamanha força que a companheira fazia para lhe prensar contra a parede. Suas discussões se tornavam cada vez mais nocivas, mais sentidas. Desiquil

a quebra do ovo de nuremberg

(conto ficcional iinpirado em um ser humano real) Acordou com a sensação de que algo seria diferente, sem saber se bom ou ruim. Parecia mais um incômodo. Coisa chata. Naquela altura da vida, as mudan

que te vaya, bonito

(conto) Naquele final de tarde chuvoso, chegou em casa com o desconforto de choro seco que aperta o peito. Sempre fora sensível aos dias molhados e melancólicos do agosto em Pueblo. Deixou as compras

bottom of page