poesia em espasmos, lampejos
pequenos vagalumes
ARBÍTRIO
ofereceu-lhe a tesoura
hora de cortar as cordas
livrou-se pelos pulsos
ÓVULO DO ACASO
Jogou-se pelo corredor
Prendeu-se no escuro
Tocaram-no: amor
PÉROLA DE RUBEM
soprou pequeno segredo
verso feito analogia
ostra triste é poesia
CACOS
um passa, outro quebra
desatenta insistência
quero cola
PAREM A MÚSICA
do começo, por favor
tempo de patins
eu sem freio
PEQUENO OÁSIS DE IMPRESSÕES
saudoso dos verdes-campos
abatido por cinzas
na agenda, um Monet
À MEIA NOITE INTEIRA
vida pelos ares, bares
modus operandi...busca
sapatos de cristal
VAZIO NO BAIXO-VENTRE
era para ser estrela
vida, pensei, seria
foi futuro que não viria
TRIZ DO ALÍVIO
décimo parapeito
olhos fechados, piso falso
espasmo hípnico...respiro
ARMADILHAS CIBERNÉTICAS
foto bolinou retinas
dedo traiu sensos
invasão...deu match
CIRCOBOOK
respeitável metamorfo, showtime
ajuste de máscaras
xis...selfie
FERIDAS E VINDAS
cur-ando desilusões
des-conhecia-te dor
jaz-ia sem medo
VIVALDI E O GERÂNIO
canta a todos curto tempo
flor aColhe, alegra dia
à amada bem-te-quero
PENSOU QUE SE BASTAVA
enguiçou no 4°
hora errada
alguém eleva dor
ÁGUAS FRIAS
o mar levou bilhete
em mãos, ao pescador
ilha dos cegos
OBSERVADOR INCAPAZ
falava de amor
foi encontrado
mostrou-se ator
BUSCA
maomé não se movia
vestiu-se de montanha
distraiu-se no caminho
QUARTO VAZIO
moviam dedos
saiam verbos
não liam pranto
MÁSCARAS
ela espelho
pensou côncava
foi convexa
ENCONTRO
cercado por paredes
via somente recusas
entraram pela porta
NÃO ENCONTRO
porta aberta
acostumado a recusas
via paredes
SOU PÁSSARO FORMOSO
só me resta um ano de asas
tartaruga tem cem anos
ela não pode voar
MÁQUINA DE VIVER
passou a limpo rascunho
surpresa fim da página
não tinha tecla undo
VINIL
ouvia lado A
risco, ligou tv
foi-se o B
PASSA-TEMPO
deixou cair, cara pintada
bala no retrovisor
abriu – corre, moleque
NA VARANDA
som do carro à distância
lá, vida vai
aqui, vazio fica
ALIMENTO DA TOSCANA
mármores choravam
orelha na 48
abriu a marmita
PHOENIX
guerra perdida
jardim sem flor
asfalto da estrada
EU, TU, ELE
passado esquecido
presente repetição
futuro ilusão
MENINOS DO TAÍGETO
Expurgo
Queda
Silêncio
QUEIMADA
inspirou verde-folha
ardeu cor de espatódea
expirou tons de cinza
FESTA DOS OUTROS
dia de vida comum
do caminhão pula pra rua
papel de presente, garrafa vazia
MORTO VIVO
chutaram cabeça
calcanhares mordidos
saliva infectada
HORA ERRADA
cão desavisado
beira da estrada
foi-se algo-z
CARTAS QUE MENTEM
quedou atordoado
pagou por futuro
sorriu em trocados
PICTOGRAFIA DO PEITO
mapa aberto
para o X, vire à esquerda
ler é preciso
VAGALUME
carinho inesperado
instante de luz
estrela que cai
AVISO AO NAVEGANTE DISTRAÍDO
fosse você ouvidos
vela, vento meu amigo
sopraria…fica comigo
VERDADE DE BRINCADEIRA
versão pariu um livro
leitura deu seu tom
fato esconde-esconde
VIVALDI E O CARVALHO
foram-se verdes
laranjas secos lhe pareço
meu colo, mil folhas
MEREÇO
lá, meu sossego
aqui, calvário
coco é pedra sem sapato
PARTIU FOGUETE
life ao norte
vida ao sul
alô, alô, marciano
O CORPO ANUAL
pele de jasmim perfume
arde peito, chama... (des)fruta
oferta braço cachecol
LOTUS
desejou visões do nada
paladar vegetal ...de lírio
exalou esquecimento
SETUP DA MÁQUINA: 1945
Conheci Oppenheimer
Distraiu, sabotei
Borracha no Manhattan
O VIAJANTE ANSIOSO
Buscou-a nas cartas
Bola de cristal, mais adiante
Ela se foi no hoje
VITRINE À NOITE
dentro se viu estrela
fora, ela...cinderela
sonhar era vital
SALTO DA MENTE
Crianças correndo
Pássaros voando
Da cadeira, abriu asas
CIGANAGENS
As risadas se embriagavam
Gira, gira, pomba, gira
Acordou de ressaca
FAMÍLIA NAS NUVENS
Filha no norte, filho no sul
Marido lá, eu aqui
Todos zoom
ME DEIXA… HOJE… DE BOBEIRA
Jogado na rede
Sobrancelha deu sinal de vida
Virou… resmungou
VELHO ALBUM DE FOTOGRAFIAS
Tinha me esquecido
Perigo, perigo
Perdida no espaço
7 ARMAS PARA 10 AJUSTES
Sete lanças de Tomás
Dez mandâncias reforçadas
Ajustes em des_controle
SABOTARAM A ARRUDA
Olhos gordos só de vê-la
Metida, show off
riu… caiu
DE QUALQUER JEITO
Perdeu o voo
Foi-se o trem
Pé na estrada
MEIAS VERDADES
Versão criou livro
Leitura deu tom
Fato não se achou
GULA E DERIVADOS
All you can eat
Sal de fruta, kopenhagen
A balança esbravejou
ROUND TRIP SEM RUMO
Dedos indóceis
Telas patinantes
Pouso no Atlântico
O CORDEIRO DESCONFIADO
Deixou de tomar a pílula
Viu mansos se jogarem
Morreu de ódio
MORREU DE MEDO DA FALTA
Paletó de madeira
Morreu pela terceira vez:
- Não tem gaveta?
DESEJOS SEROTONINÉRGICOS
Festa ontem, eu hoje
Que merda
Esqueci o bombom
VIVALDI E A NEVE
não te acanhas com ventos gélidos
canta o branco... (ac)alma-te
abraços acendem fogo
VIDA TEMpo de VALOR
para uns passado
queira ou não presente
gosto crer futuro
ETERNA COMPANHEIRA
Mesa para dois
Aniversário de casamento
Cadeira vazia
NARIZ CELESTIAL
Empossado, foi aos céus
Coroa roubada, cetro se foi
Ela em novo reinado
VIVALDI E O DIA QUENTE
canta o sol... tal peito ardente
não te queixas do suor
nele vê valor dos rios
MONÓLOGO CANSADO
aninhou-se entre paredes
eco cobrou retorno
não deu ouvidos
VIA DE MÃO ÚNICA
Implorou por retorno
Tempo não deu ouvidos
Sem contato, ela ficou pra trás
NARCISO ERA MÍOPE
Lançou castanhos penetrantes
Cheio de si, nada de mim
Eu fechada pra balanço
SE ESSA RUA FOSSE MINHA
antes de aqui passar
nem ladrilho, nem brilhante
você muro… eu dinamite
CAIU A FICHA NO PRESENTE
fosse possível regressar
máquina brincar com tempo
fogo nela eu poria