ahh ulisses...para uns odisseu, para mim poeta
não disfarça sua real vontade de ser desamarrado desse mastro
e ceder ao encanto dessas sereias que nadam nesses caribdes
os tais redemoinhos loucos, estonteantes
comparados apenas aos delírios que esses vinhos malditos e desgraçados nos trazem
confessa-nos, ainda que entrelinhas
que nessa terra de ciclopes de visão limitada e marujos com ouvidos de cêra
sua real vontade não era Tróia nem os braços das penélopes
mas o quinto dos infernos... Sem amarras, sem dias
infestados dessas loucas mulheres peixe com seus cantos e braços dentatos
inferno de somente noites inacabadas
mas, quem, quem nunca
eu bem te vejo e te reconheço, demônio dos infernos
nesse seu disfarce mais cruel e excitante de ulisses
o homem apaixonado e atormentado, para mim poeta
sábio atento às fraquezas das penélopes, carentes
e lhes oferece aquilo que mais lhes seduzem, o verbo
você Poeta, é um verdadeiro filho da puta
que arda nesse quinto dos infernos
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