Ahh Ulisses...para uns Odisseu, para mim Poeta...
Não disfarça sua real vontade de ser desamarrado desse mastro
E ceder ao encanto dessas sereias que nadam nesses caribdes,
Os tais redemoinhos loucos, estonteantes,
Comparados apenas aos delírios que esses vinhos malditos e desgraçados nos trazem...
Confessa-nos, ainda que entrelinhas,
Que nessa terra de ciclopes de visão limitada e marujos com ouvidos de cêra,
Sua real vontade não era Tróia nem os braços das Penélopes,
Mas o quinto dos infernos... Sem amarras, sem dias,
Infestados dessas loucas mulheres peixe com seus cantos e braços dentatos...
Inferno de somente noites inacabadas...
Mas, quem, quem nunca?!!...
Eu bem te vejo e te reconheço, demônio dos infernos,
Nesse seu disfarce mais cruel e excitante de Ulisses,
O homem apaixonado e atormentado, para mim Poeta...
Sábio atento às fraquezas das Penélopes, carentes,
E lhes oferece aquilo que mais lhes seduzem, o verbo!
Você Poeta, é um verdadeiro filho da puta...
Que arda nesse quinto dos infernos...
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