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babel

não falo sobre inícios

sequer me recordo como entrei ou fui trazida

rodo pelos corredores cheios de portas e gentes

por entre paredes e corpos que entoam a marcha

alguém me diz para que eu o note

ele passa por mim

e se perde sem rumo num amontoado de faces flertantes

que se lambem com suas línguas dissonantes

negociando ofertas em halls repletos de mercadorias

música ao longe junto ao zumbido que desconforta

das conversas paralelas e gritos conflitantes

ele passa por mim

não escuto sua voz, outro alguém já me chama

subo em escadas sem saber onde me levam

sem saber o que procuro

estendem-se mãos de falso querer

que recolhem seus tapetes

quando pergunto pela passagem secreta

olhos vigilantes me fitam de soslaio

outros são apenas desdém

e ele esbarra em mim

ao subir no beiral daquela imensa janela

despido de suas roupas, ele olha para mim

tudo se cala, tudo se paralisa ao redor

falou-me em vontade de explodir de viver

do desconforto com o simples

das coisas que lhe exigem vida

e a cada frase sua me via mais próxima e nua

dizendo te beijo me convida a saltar da torre

e eu o sigo dizendo se me beija, eu te beijo



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