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a acompanhante

meus instintos mais básicos me lembram que sou cheia de vida

ainda que a morte esteja sempre a meu lado

já me entristeci com suas visitas inesperadas

ora gratuitas, ora necessárias

não raras as vezes por mim planejadas ou forçadas

já fingi que não estava e recusei-me a abrir a porta

até me lembrar que não existem portas em minha casa

e ao sentar-se em minha sala

aguardava paciente por um olhar desviado

vendo-me passar de quarto em quarto

e ir a seu encontro, sentando-me a seu lado

como aqueles que fazem companhia em conversas mudas

no conforto da existência do outro

foram tantos os encontros que sua presença virou hábito

e suas partidas me trouxeram o vício dos recomeços

deixando-me um sopro que era de vida de novo e de novo

preenchendo meus dias como quem faz caridade

como quem sabe que o insuportável é o vazio

e certa de que meu maior prazer sempre foi o de viver



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