Essa época do ano me traz lembranças.
Sinto saudade da meninada que, nos dias passados, me importunava com aquela campainha chata e insistente. Pediam balas. Fingia de morto.
O condomínio tinha vida. Eram crianças, bolas retumbando no portão, latidos estridentes, tocos de cigarro, casais brigando, outros se amando, mau humor de porteiro.
Sinto falta disso tudo.
Aqui é diferente — muito silêncio para tanto vizinho.
Eventualmente o burburinho se restaura com a visita dos parentes.
Hoje, pela manhã, meus filhos apareceram. Queria ter visto os netos, mas compreendo.
Sol a pino e me alegro com a chegada de um novo vizinho. Pessoas choram ao lado dos crisântemos.
Talvez eu devesse sentir culpa. Mas, entendam.
Solidão não é fácil. Marasmo é insuportável!
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