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moscas, culpas e paredes

Das inúmeras curiosidades, duas disputavam o topo da lista.

Estava eu ali, na sessão de psicanálise da minha mulher.

Eu era só ouvidos. Ela, transtornada, nem me percebeu.

Não me julguem.

Que homem nunca quis ser uma mosca para escutar o que confabulavam contra você?

Quem nunca desejou a pane do som ambiente ou nunca colocou o ouvido na porta?

Sempre suspeitei que divórcio era consequência do pseudo-tratamento de terapeutas feminazi de cabelo roxo.

Escutei o inimaginável. Senti um aperto no peito. Nossa...

Ela chorava e se culpava. Murchei à quase inexistência.

Sua declaração de amor por mim me fez sentir o pior dos piores.

Tamanha vergonha e pressa, passei pelas paredes sem perceber que havia matado a outra curiosidade.



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