Esticava o tempo esperando pelo algo que se recusava em acontecer.
Naquele quarto de hotel, acompanhado de si, pensou no que o ambiente já testemunhara.
A cama de casal sugeria amor, mas as realidades são muitas.
Quartos falam, poucos ouvem. Histórias são esquecidas, pessoas também.
Não parecia solidão o que sentia. Já a flagrara em outros quartos, seu e de vida alheia. Era mais como um buraco, uma tecla que faltava, respiração sem ar. Difícil dizer.
Pensou no amigo que se fora tão cedo. Lembrou-se do vazio mudo daquele quarto. O corpo gélido, ignorado por dias, foi como um soco no estômago. Veio culpa pelo despercebido.
Entristeceu-se. Mas o sono tudo apaga.
Pela manhã, o que aguardava nunca veio. Doeu.
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