top of page

coisa de tropeiro

Meninada jogando queimada na sete com vinte e dois.

De longe, vi pai chegando em trote lento. Na garupa o saco de couro cheio com mimos da riqueza.

Corri. Gritei mãe.

Minhas irmãs pularam de suas preguiças dominicais e correram para o alpendre.

Dia de festa. Pai chegara da comitiva de mês!

Mal descera do cavalo, amontoamos naquele corpo esguio feito formigas subindo em melado.

Só teve sossego quando abriu o saco de couro: — Mulher, taí a panaiada que pediu!

Sentou-se na poltrona e me pôs no colo.

De dentro do gibão tirou um pedaço de pano brilhante e um frasco de perfume já aberto: — Pro cê!

Somente anos mais tarde fui entender de onde vinham aqueles pequenos mimos usados.



2 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

rota de fuga

Ao chegar em casa, encontrou o pacote no capacho. Finalmente. Olhou para um lado e outro. Disfarçando, pegou a encomenda e entrou...

a inquilina

Nem posso chamá-la assim. Nunca pagou aluguel. Inquilino é pior que vizinho. Pra esse você chama síndico, polícia. Amenidades pela janela...

Comments


bottom of page