quando esbarrei nele ao acaso, meu olhar pairou em sua mente
respirei cada palavra sua, aguardei em pausas, ouvi seus acentos
embriaguei-me do seu tom entorpecente, desatenta e displicente
sua razão, qual teia a embaraçar meu pensamento
anulou meus pulsos por um momento.
e o adorei imensamente
e o projetei em breve futuro
joguei-lhe ofertas em pleno escuro
meu aplauso, minhas expectativas.
quando a vida, amiga ou não, chegou-me seca e real
socou-me no peito, feriu meu rosto, e num flagrante exposto
lembrou-me das carências afetivas, que dissimuladas e furtivas
escreviam páginas repetidas.
em meu espelho me vi nua
e do sonho rasguei os fios
feito órfã da presença sua
coberta com meus vazios
vi-me louca com sentimentos dúbios.
as falas revelaram fragilidade
como a fumaça que chega e passa
como a neblina que existe sem existir
que não se sabe de onde veio, nem se sabe para onde foi
mas então...seria loucura
qualquer um questionaria
que espécie de ser eu seria
ele
ora amante, por fim distante
quem diria
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