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CUIDADO ! 

CÃO FEROZ

APARENTEMENTE

MORTO

NA BEIRA

DA ESTRADA.

AQUELES QUE

TENTARAM CHUTAR

SUA CABEÇA,

TIVERAM SEUS

CALCANHARES  

MORDIDOS COM

SALIVA INFECTADA!                                              

   

me chamo Iara.

 um dia me

 disseram que era

rainha das águas.

 mas sou

apenas uma

 arquiteta que

   precisa escrever.

   do hall de entrada

passou à sala de espelhos.

 viu-se côncava, 

depois convexa.

  quando passou pelo 

espelho quebrado, 

entendeu que

  precisava tirar

  suas máscaras.

Meninas usam sapatos vermelhos.

Meninas são curiosas.

 Meninas buscam.

Meninas creem.

Meninas erram.

    Meninas são cheias de vida.

 

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A vida nem deixa a gente aprender tudo para que continue sempre em nosso querer

O problema é que
vida normal
me entedia
             
vida louca
não sustento
           
o mesmo para
pessoas
         

parando aqui
para pensar
se existe uma
terceira alternativa

Nunca entenderei o amor

como um incômodo.

Amor pra mim é solução,

é alimento.

Eu vivo para amar.

Então eu o busco, sempre,

e todo dia.

A estrada é minha morada

e o destino são as portas daqueles

que se abrem para o amor.

Reclusos não encontram ninguém,

mas desejam ser achados.

E quando são achados,

se recusam a ter alguém

que os ame de verdade,

simplesmente porque

amar dá muito,

mas muito trabalho.

E quem não quer incômodo 

não deveria sequer falar de amor,

porque esse não foi feito

para quem não deseja perder

noites de sono pelo outro.

Sapatilhas vermelhas são fáceis de gostar.

Mas a percepção da beleza

dos pés machucados e desformes,

e o entendimento de que

são esses que sustentam a sapatilha,

bom... isso é para poucos.

É preciso ser muito humano para tal.

E a realidade de ser um humano

anda sendo desprezada.

Alguns preferem fechar seus olhos,

outros em manter distância mesmo.

Sempre acho as coisas mais interessantes quando chega a madrugada, não tem jeito.

A noite tem algo de especial mesmo.

Sobre a sensibilidade
do que li e vi aqui,
me vi um pouco no seu texto, poema e foto.

Sobre caminhos,
já tive vontade de voltar
atrás e não ter percorrido alguns deles.

Algumas vezes deixo que me levem com preguiça de pensar, fecho os olhos, vou no fluxo.

E só quando bato com minha cara em paredes que não levam a lugar algum, que me lembro que não coloquei aquelas linhas guias para me trazer de volta nesses labirintos.

Minha memória nunca contribuiu muito.

Então suponho que retorno é algo pouco provável para mim, e como sempre estou perdida mesmo, sigo adiante.

E no adiante sempre tem aquelas coisas legais que te distraem no percurso.

Sempre aparece uma flor, uma plantinha, coelhos,
uma maritaca,
nuvens com caras de coisas.

Eu acabei de ler a carta do jovem que se matou.

Senti vontade de dizer a ele que vale o caminho,
embora coisas aconteçam
para te dizer o contrário.
Eu poderia tê-lo ajudado
na passagem do ano....
tava aqui, de bobeira.

A vida está sempre por um triz e lembrar disso é muito ruim.
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   Sabe,
  o passado e o futuro
são dois cretinos.
O primeiro se aproveita
da nossa memória seletiva   
e o segundo da nossa   
imaginação fugitiva.
Como o presente
pode se sobrepor a dois   oponentes assim?
Há que se ter o esforço
para viver o presente
     por si só!
Suicidas estão sempre presos nessa batalha entre os três.

Existem os que se bastam,

e os que nunca se bastarão sozinhos.

Eu adoro estar sozinha em

determinados momentos,

mas é como aquela criança que sai pra brincar no tanque de areia,

feliz da vida, sozinha, mas volta e meia precisa olhar pro seu "cuidador"

e ver que ele está ali de olho.

Sentir-me amada é o que me faz ter meus melhores momentos sozinha.

Eu nunca serei una,

pois que nunca me bastei.

E acho pouco provável que isso aconteça. Aos que se bastam, minha admiração! Suponho que isso deva ser

algo espiritualmente mais elevado

que minha situação

absolutamente rasteira.

TO WHOM IT MAY CONCERN

 

Eu decidi ser mãe, você o filho.

 

Não vejo problema com sua escolha,

mas porque você veria com a minha?

 

De fato, minhas botas não pisaram os solos de tantos países, mas meus ouvidos

foram conduzidos em ondas sonoras

e por lá bailei as mesmas valsas.

 

Rodopiei ao lado de Zaz

“Sous le ciel de Paris”,

descobri com Ojos de Brujo que

“No necessito tener alas pa volar”,

em outros aires,

pelas mãos apaixonadas de bandoneons, “Vuelvo al sur,

como se vuelve siempre al amor”.

 

Mas foram nas terras de Istambul

que conheci o mais encantador

dos amantes, “Nazende Sevgilim”,

o homem de face ainda não revelada

que tocaria meus cabelos

com rosas de primavera.

 

Sim, foram inúmeras viagens

em sonhos musicais

enquanto criava meus filhos.

 

Não desdenho suas uvas,

ao contrário,

fecho meus olhos

e tento saboreá-las todas

ao ler e ouvir suas histórias.

 

Sua vida é repleta de encantamentos, videiras saudáveis,

de folhas e frutos brilhantes,

dignos dos mais valiosos

“Chianti” da Toscana.

 

Mas enaltecer sua vida

não significa diminuir a minha.

 

Escolhi cada pedacinho

dos meus caminhos,

mesmo que de forma estabanada

ou juvenil.

 

Foram escolhas minhas,

e que moldaram a mulher

que hoje lhe escreve essas palavras.

E hoje eu gosto dessa mulher.

 

Sabe, percebo a dificuldade dos homens

em entender escolhas distintas às suas.

 

Nada parece fazer sentido.

 

É que a natureza masculina

simplesmente desconhece total empatia.

 

O que é, de certa forma, desejável.

 

Afinal, um mundo

absolutamente feminino

seria um total absurdo.

Mas um mundo sem a devoção feminina, em especial, mulheres mães,

seria um total desastre.

 

Entre o absurdo e o desastre,

fiquemos com um mundo

de homens e mulheres.

 

É realmente quase impossível

entender o que é empatia

quando não se sabe

o que é dividir literalmente

o mesmo ponto no universo

com outro ser.

 

Quando a gente divide nosso corpo

com uma criança,

bem aqui dentro da nossa barriga,

a gente consegue sentir algo parecido,

meio carne da nossa carne,

dor que dói na gente.

 

Difícil explicar.

 

Talvez sua mãe consiga

te dizer mrlhor com seus afagos quando você estiver triste.

 

Sim, mães sabem como!

 

Mas mães também deveriam saber

que essa ocupação

não poderia ser eterna.

 

Como você bem sabe,

coisas eternas engessam,

limitam, entorpecem.

 

As cordas que unem mães a seus filhos precisam ser cortadas,

simplesmente porque somos seres únicos.

 

E existe o momento de cortar as cordas.

 

Eu sou única,

assim como meus dois filhos.

 

Somos, hoje,

uma família de três indivíduos

que ocupam três espaços distintos,

cada um com sua história

para um dia contar.

 

Algumas mães se esquecem

que as cordas precisam ser cortadas.

 

Alguns filhos se recusam a cortar as cordas.

 

Mas a vida está aí

para eventualmente lembra-los.

 

Ando rascunhando vida,

mas pretendo passa-la a limpo,

e nessa hora,

quem sabe meus caminhos

me levem de fato a tocar com as mãos

a temperatura das poeiras

de cada aeroporto imaginário

que frequentei.

 

Pouco? Talvez.

 

Mas penso que para quem nasce

com pelo menos cinco sentidos

e deles pode usufruir

com total intensidade como faço,

eu vivo minha vida

como poucos o fazem!

 

Sim, eu me chamo Iara,

e sou uma mulher mãe.

CARO JABOR,

 

renovação e reinvenção de um mesmo ser é coisa da qual tenho cá minhas cismas se realmente existe! Se for o caso, aqueles que o conseguem, não sabem de fato como conseguiram, apenas o fazem. Para nós, humanos da espécie “merus relis mortalis”, o problema não é ficar casado, mas manter-se fiel por tanto tempo! Banalizando aqui a fidelidade apenas no que tange ao sexo, e acreditando que o “ser infiel” para alguns não afeta em nada, seus casamentos duram séculos! E lá pelas tantas, quando sexo já não está no topo das importâncias, olham para seus cônjuges sorridentes e orgulhosos, vangloriando-se do feito feliz de tantos anos. Esse sorriso amarelo e discurso de contentamento normalmente vem do homem infiel tranquilo ou da mulher traída consciente e aliviada por já não ter que, digamos de forma singela, “se doar” para o marido! Mas olha, além do motivo acima, divórcios também acontecem quando descobrimos que fizemos escolhas mal feitas, quem sabe adequadas para um momento, mas inadequadas para uma vida. Além obviamente pela insistência na fidelidade enquanto dure ou pelo espírito intranquilo e irrequieto daqueles que entendem que ninguém é de ninguém. Casamento e sua consequente monogamia religiosa são invenções da sociedade para colocar uma certa ordem. O que é bem válido. Divórcio é consequência dos que têm dificuldade de adequação a essas invenções. Apenas isto, nada mais.

ONDE MORA MINHA VOZ

 

Muitas vezes senti que minha intuição sobre algo se ausentava toda vez que eu tentava entender mais sobre esse algo... Era como se a cada leitura, a cada passo para o conhecimento, mais distante eu ficava daquilo que guiava minhas atitudes até então... Ao ponto de muitas vezes eu me recusar a aprender alguma coisa com receio de não conseguir mais escutar a minha voz interior, minha intuição, a qual sempre identifiquei como minha única e genuína voz. Era como se o que eu aprendesse e lesse, que certamente não era de minha autoria, não me representasse como um indivíduo único...afinal, não era eu, eu. Era o eu após o eu do outro. Andei arremessando alguns livros. A ânsia por aquilo que deve ser, por aquilo que me coloca num local mais digno do que a ignorância, também me trazia o desconforto da falta de identidade. Mas aí me veio à cabeça que o problema não estava na busca pelo conhecimento, mas na forma como eu estava tentando adquiri-lo. Percebi que sempre que a intenção era pretensiosa de sabedoria, eu me perdia. Se o conhecimento fosse adquirido de forma gratuita, despreocupada, ele se somava àquilo que lá dentro chamo de minha voz. E essa vem sem se lembrar de onde busca suas verdades. Acho que é isso.

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Essa casa fala de mim, e por mim. 

Resume o ser humano no qual me tornei

em cinquenta anos que passei rascunhando vida.

       

Relata percepções sobre mim mesma,

sobre pessoas, relações e vivências.

São desabafos, insinuações, provocações,

constatações, relatos em forma de poemas,

cartas, textos, frases.

       

O amor imenso que sinto pela vida

e minha real vontade de continuar vivendo,

somados à consciência da minha idade,

me impeliram a externar, pela escrita,

a fotografia daquilo que hoje chamo

de meu renascimento.

           

Aqui eu passo a limpo os momentos que 

moldaram esse ser que aprendi a aceitar,

respeitar, conviver, tolerar e amar.

 

Sobretudo celebra o primeiro ano dos

próximos que, penso, serão

os melhores da minha vida.

 

Olho para o passado com carinho,

para meu presente com alegria

e para meu futuro com excitamento!

Sou naturalmente uma otimista

desprovida da tecla “undo”.

 

A literatura tem sido para mim

um processo terapêutico,

essencialmente organizador.

 

Ela dá sentido à minha mente,

sintetiza meus pensamentos,

formata sentimentos, planos, palavras.

 

Enquanto meus escritos eram apenas

uma expressão privada,

resumiam-se num processo solitário

e de autoconhecimento.

 

Ao torna-los públicos,

perdi absolutamente

o controle sobre meu verbo.

 

Mas a possibilidade de que esse pudesse

ter significado e relevância para quem o lesse traria ainda mais sentido

para o que escrevo.

 

Entendo a arte como

pura expressão do subjetivo,

mas percebo-a assumindo um papel,

tornando-se potencialmente

transformadora para quem

se dispõe a observá-la e apreciá-la.

 

É com prazer que te recebo em minha casa             

e te ofereço meus escritos.

 

Eu os dedico a você, pai, mãe, irmão,

filho, filha, família, professor, aluno,

chefe e funcionário, amigo e desafeto,

marido, amante, pessoa importante,

outra nem tanto.

 

Você construiu comigo,

mesmo sem saber,

meu retrato falado!

Qualquer um pode escrever sobre o amor,

porque a escrita pode ser um arranjo

interessante de palavras quando se tem

educação literária.

 

Pode ser um arranjo que até toca as pessoas,

sem sequer ter significado para o autor,

sendo apenas isso, um arranjo de palavras

para os outros, nunca para si mesmo.

 

É como tocar um instrumento

sem sentir a música,

quando todos dançam

e têm seus pelos arrepiados,

menos você.

 

É como ler sem viver a interpretação,

onde todos se emocionam com suas pausas

e respirações ensaiadas,

mas o choro nunca irá interrompê-lo.

 

É como ver sem perceber o outro.

É como falar de filhos

sem nunca tê-los tido.

É como fazer criações de roupas

que nunca serão usadas por pessoas reais

ou fazer um projeto arquitetônico arrojado

se esquecendo de que arquitetura foi feita

para humanos.

 

Habilidades técnicas serão sempre

apenas isso, técnicas

que podem ser aprendidas.

Escrever para si mesmo requer

a experiência daquilo que se vive.

Requer paixão pelo que se fala.

 

E paixão não é para qualquer um.

 

Sem paixão e sua disposição

aos sentimentos que vêm junto,

os textos de amor

podem até conter beleza,

mas são desprovidos de auto cura.

Bons observadores são capazes

de falar sobre qualquer coisa,

inclusive sobre o amor que não sentem.

Bons observadores costumam

se transformar em bons escritores.

Arranjam palavras para os outros

que normalmente funcionam,

para os outros, apenas.

 

Escrever para si mesmo,

algo a ver com confissão de vida,

exige a vivência,

para que possa ter efeito curativo

sobre quem escreve.

Se escreve e acha que não precisa de cura,

sem problemas.

Palavras ao vento também são bem-vindas!

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SOBRE RELAÇÕES E HOMENS

 

sou uma mulher confusa e com pensamentos bagunçados. Fui educada pela minha mãe a não depender dos homens, então sempre tive dificuldades em aceitar provedores.

 

Mas com o passar do tempo e por mim mesma,

aprendi a aceitar aquilo que por ventura quisessem me dar, não totalmente sem culpa ou vergonha.

 

Entendi tardiamente que adoro ser presenteada,

mas sobrevivi e ainda vivo muito bem sem esses mimos.

 

Também com minha mãe aprendi a valorizar a força do meu trabalho, a costurar e cozinhar o suficiente para matar a fome ou para fazer um agrado.

 

Em meus casamentos aprendi que não sou uma boa coordenadora do lar e nas terapias subsequentes aprendi a ligar o foda-se! Meu sono é mais sagrado do que uma pia brilhando e cheirando a água sanitária!

 

Com meu pai coloquei em minha vida o futebol, o uísque, a lua e a noite, a adoração pelas pessoas, o amor pela arte, a qualidade musical e a apreciação pelo silêncio e pela solidão. Entendi a lição de resiliência e me portei muitas vezes como Phoenix, renascendo das cinzas a cada abate.

 

Com os budistas aprendi que preciso do 5S mais frequente em minha vida, mas comigo mesma entendi que a frequência da faxina sou eu quem determino! 

 

Minha geração assistia a filmes de Walt Disney - que Deus abençoe a todos os seus clones - filmes os quais continuam passando no netflix e insistindo no tal do amor eterno e verdadeiro, aquele mesmo amor que o padre diz que só Deus separa - mas eis que meu mapa astral com sol em Capricórnio vive desmentindo esse padre!

 

Esse mesmo mapa traz minhas loucuras de ascendência sagitariana e minha lua em leão, ou seja,

impossível viver sem os homens!

 

Eu sei que essa confusão toda empolga,

mas também assusta,  fácil de desejar,

mas difícil de assumir ou conviver.

 

Isso vale, em especial, para os homens educados

no nosso meio ainda predominantemente machista,

onde se tem "las mamas"

como as grandes mantenedoras dessa cultura.

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NA POLÍTICA,

UMA ZEBRA DO AVESSO

Entendendo que o que nos difere dos rebanhos de zebras vem da nossa essência criativa e sobretudo angustiada

- a qual procura pelo pingo no i que nos tornaria um pouco mais especial do que aquele que enxergamos ao lado -  é natural perceber que tudo aquilo que nos limita - ou reprime nossa catarse -

algum dia não nos convencerá mais. 

Assim vejo o comunismo:

a tal pele preta no branco que insistem em nos vestir,

em nos tornar iguais, zebras de um mesmo rebanho.

Algo meio parecido com as religiões que vêm para tornar nossas almas adestradas.

Válidas para um conforto temporário, mas insuficientes para uma vida plena.

Eu não sou uma zebra, ou talvez seja uma zebra do avesso.

Não quero seguir um rebanho.

Posso, no máximo, admitir sua existência.

Se essa explicação não lhe bastar,

procure Ferreira Gullar.

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