que eu possa contar com minhas mãos
peço às mãos que limpem toda poeira
que se assenta em meus braços, pernas, estômago
de grãos que invadem meus pulmões reagindo em tosse seca
apertam minha voz em choro mudo
afasta de mim essa poeira tóxica
poeira dos canos de descarga
poeira urbana, poeira humana, cotidiana
que eu possa contar com a chuva
e peço à chuva para que essa me ajude
que lave meu corpo, lave minha alma
limpa meus poros em água corrente
permita respirar minha pele exposta
afasta de mim essa poeira tóxica
poeira dos canos de descarga
poeira urbana, poeira humana, cotidiana
que eu possa contar com o sol
e peço ao sol para que esse me ajude
que aqueça meus pelos, aqueça meu peito
irradia a verdade em luz transparente
permita o olhar de cristalina córnea
afasta de mim essa poeira tóxica
poeira dos canos de descarga
poeira urbana, poeira humana, cotidiana
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