Venha, Penélope, fica e conta-me,
O que de fato tanto esperava?
O retorno do mito escolhido...talvez diria..
Ou em verdade revelaria que do real pela morte aguardava
Eu bem lhe vi...e ainda vejo
Que por detrás de interminável manto, à luz, os nós você tecia,
Mas entre linhas e em reservado canto, a sós, tais nós você desfazia.
Venha, Penélope, fica e conta-me,
Revela a mim o que tanto temia!
Decerto o futuro que incerto mas ao certo viria...
Quem sabe o presente que insistente lhe traz outra companhia
Eu bem lhe vi...e ainda vejo
Que foi com despercebido ardil ao pai sua vida ofertava,
Ignorando medos em tom pueril, desafio aos tolos você jogava.
Venha, Penélope, fica e conta-me,
Fala por fim o que mesmo sentiu
Ao deparar com tal sorte de uma vida que lhe impôs falsa morte
E quando Ulisses enfim retornou e seus tormentos em você despejou
Eu bem lhe vi...e ainda vejo
Que foi com infinito amor que ao homem novamente entregou
Seus dias de riso e pranto, seu corpo, sua alma, seus laços em manto.
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