Iara
nem monroe, nem macabéa
E então Clarice,
Onde estaria o esperma que deveria me encher o futuro?
Olho ao lado e nada vejo
Olho abaixo, no ventre, apenas vácuo
Atravesso a rua, o carro não passa
Vida que não se transforma
Mão no peito que se enche do ar
Fluido fugaz que já me escapa
Esperança que não se apresenta
Ainda que paga em trocados
À mulher que me tira as cartas
Vida que se desfaz do que jamais seria
Mesmo quando o pai lhe repetia...rainha das águas
De Monroe a Macabéa
Estrela de sina em desgraça
De um aborto espontâneo seu futuro morreu cedo
Ainda assim vida plena e farta
Jardim de flor que te fez astro
A estrela de Clarice de história escrita
Perpétua e bela,
Invejo-te.