Iara
espumantes e delírios
Face a face no espelho
Traço marcado do delineador
Risca a máscara de cílio falso
Ri o lábio que esconde a dor
No caminho a música prepara
Para o espumante de tom rosa
Saltam bolhas em finas taças
Mãos e pernas deliram em prosa
Em momentos de rasa alegria
Vão confiantes leves passos
Cruzam noites com gatos pardos
Que miam e gritam seus falsos laços
E no sono que a luz convoca
Como tais bolhas os sonhos caminham
Fluem ligeiros em meio ao líquido
Sobem às margens e então se dissipam
Sobre o chão outrora sólido
Depara-se a face com olhar desfeito
O dia rude já lhe cedo relembra
O quão raso era do rio o leito
Ah...esse rio espumante
Que o rosa a turvo transforma
Que de vívido não lhe restam bolhas
Porque o delírio a mim sempre retorna?